sexta-feira, 23 de maio de 2008


Lágrimas. Só nós as podemos provocar, e no entanto não podemos escolher o momento em que o queremos fazer. Há quem chore de alegria, há quem chore de tristeza. Porém, é certo que são raros os momentos em que a nossa felicidade atinge tamanho grau, que os nossos olhos comecem a ficar embaciados e saturados daquela água pura, que então nos escorre pela face. Mais comuns são os momentos em que nos sentimos tão no fundo, imersos em tal solidão, que o nosso corpo sente a necessidade de lavar a alma. E então choramos. Pergunto-me agora, porque damos nós menos importância ao auge da felicidade, que à pior das tristezas, que não merece aquela água divina? Achamos nós que é obrigação da vida oferecer-nos os bons momentos? Se assim o fazemos, então estamos errados. A vida não foi criada senão para os fortes, aqueles que realmente sabem que nada lhes será oferecido, que terão de ser eles a conquistar tudo o que quiserem possuir. Os fracos, esses ficam retidos pelo caminho. Podem existir durante anos e anos, mas viver, disso já desistiram. Vêem tanta fatalidade à sua volta, que pensam que não há mais nada que possam fazer, que o próprio destino os encurralou. Contudo, estão sempre a tempo de continuar em frente, mas isto apenas se se deram ao trabalho, claro. Quem sabe, por vezes pode ser melhor entregarmo-nos àquela situação de que tanto nos queixamos. Mas não fomos nós que criámos essa situação, dizem-me eles. Sim, claro, posso até acreditar nisso. Mas, meus queridos, não vivemos isolados no mundo. E se realmente queremos dar algum significado e valor a quem somos, sabemos que teremos de o fazer no meio de tantos outros como nós. Pois paga o justo pelo pecador? Nem sempre mas, às vezes, sim. Fará parte do nosso crescimento como pessoa ultrapassar esses obstáculos, para depois olharmos para trás, vermos aqueles que desistem e lembrarmo-nos de quando éramos assim. Aí, com um sorriso nos lábios, diremos: Eu consegui.

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