quarta-feira, 23 de julho de 2008

Coisas que realmente valem


Ultimamente tenho pensado como as pessoas estão desesperadas pela procura do ideal, pela necessidade de se encaixar e pela vontade de serem escolhidas. Quase nada anda natural.
Outro dia fui comprar refrigerante e na volta a sacola arrebentou. Corri avenida abaixo com meu cabelo atrapalhado, meu chinelo, minha calça larga e meu moleton velho tentando pegar a garrafa. Quando consegui, escutei uma voz dizendo: "Segura Lê a sacola tá viva!" Sim, era meu ex rolo, ex ficante ou sei lá o que as pessoas falam. Comecei a rir e lembrei o quanto ele não fazia parte da minha vida. Dentro daquele carro importado tinha um homem legal e rico ao lado de uma mulher arrumada e bonita que me olhava com ciúmes. Troquei meia dúzia de palavras com eles e fui embora. Não quero dizer que eles são as pessoas desesperadas que citei no início, mas essa cena me deixou muito feliz quando me vi do outro da história, ali na rua segurando uma sacola rasgada.

Algumas pessoas fazem de tudo pra conquistar e segurar outras, não sabem dar valor a coisas simples pelo simples fato de serem coisas simples.. Querem o que tem de mais chique, de mais caro. Não dão sorrisos se não ganham nada em troca. Um mundo de interesses e joguinhos, de sonhos comprados pelo cartão de crédito. Seria ilusão a minha acreditar que nem todos são assim? Espero que não. Quero acreditar que existem pessoas que são verdadeiramente naturais, que sabem amar coisas simples que não se compra com dinheiro. Quero acreditar que aquele casal dentro daquele carro são pessoas de coração bom que gostam de amor além de status, que são pessoas não envenenadas pela vontade de aparecer e andar na rua banhadas a ouro. Quero continuar sorrindo pro porteiro, pro lavador de carro e pro moço da cadeira de rodas do sinal. Quero poder correr descabelada pela avenida sem me preocupar com os carros importados parados no mesmo sinal do moço da cadeira de rodas. Minha prima (irmã praticamente) de quatro anos adora dar bala pras crianças pobres e isso é uma das minhas maiores alegrias. Adoro ver que as coisas boas que faço servem de exemplo pra ela. Adoro quando vejo que "modinhas" não chamam minha atenção. Não importa se estou de salto alto, cabelo arrumado com creme da Kérastase, perfume Dolce e Gabana, creme pro rosto da Lancôme, maquiagem Artdeco, bolsa Adidas ou outras coisas que sinceramente não sei nem mesmo como escreve. O que importa é que quando uso essas coisas continuo a mesma pessoa de sempre, a mesma pessoa que valoriza coisas simples e gestos de carinho. Sou aquela mulher imperfeita que fez cursos de maquiagem mas conta pra todo mundo como é seu cabelo realmente. Aquela que tem dó do pai e faz a própria unha pra não precisar pedir dinheiro (eu não trabalho). Muitas coisas boas o dinheiro não compra.
Simples como tento ser. Sou eu e mais nada. E você?

Um comentário:

'- Mari . disse...

Bem lindo esse teu texto amiga!
É realista, incrível e faz com que paramos pra pensar nas "coisas quem realmente importam".
Adorei! :D

Te amo pra sempre Leh! ♥